No dia 11 de abril, pelas 18 horas, teve lugar, no espaço da Memória e do Conhecimento da escola secundária José Estêvão uma cerimónia de inauguração da exposição “Autorretratos”, da autoria dos alunos da turma F do 10º ano, do curso de Artes Visuais. Foi uma iniciativa interessante, inovadora e muito aprazível, para todos os participantes, que pretendeu ir ao encontro da sugestão dos representantes dos pais e/ou encarregados de educação, apresentada na reunião do conselho de turma, realizada no inicio do ano letivo.
Este projeto desenvolveu-se no âmbito das disciplinas de Desenho A, Português, Inglês e Filosofia e teve como objetivos essenciais: promover a interdisciplinaridade e o trabalho entre pares; dinamizar atividades que estimulem a articulação entre os conteúdos e os objetivos das várias disciplinas e entre estes e a vida de cada aprendente; desenvolver competências no domínio do trabalho em equipa; motivar para a partilha dos trabalhos realizados e para uma reflexão sobre os mesmos; intensificar as relações escola-família.
A Organização logística estive sobretudo a cargo da diretora de turma que, em colaboração com os alunos e os outros professores da turma, dinamizou um projeto que culminou na concretização deste evento.
Nos desenhos apresentados, o apoio da professora de Desenho A, os seus ensinamentos e orientações, bem como a sua paciência e o seu entusiasmo foram essenciais. Foi proposta a divisão do rosto, de cada um, em quatro partes e foi indicada, para a sua representação, a utilização dos seguintes materiais: a grafite, o carvão ou a tinta-da-china, os lápis de cor e os pastéis d’óleo. Todos os alunos tiveram a necessidade de fazer uma reflexão interior não apenas sobre a aparência do seu rosto, mas sobre o seu próprio eu e determinar a melhor maneira de, através de inúmeros esboços realizados, de pequenos textos e de algumas citações, conseguir expressar o que desejavam mostrar. Nas aulas de Filosofia, estudámos as várias condicionantes (físico-biológicas, histórico-culturais e psicológicas) com as quais edificamos o nosso EU, aprendemos que cada um de nós é único e singular, mas é, ao mesmo tempo, um ser cuja humanidade é aprendida com o OUTRO, com os outros. É um ser complexo, um ser em que a razão e a emoção guiam as escolhas que o vão constituir nisto ou naquilo, que é uma unidade multiplamente formada, onde os diferentes eus, as várias máscaras, os diversos estatutos e papéis, vão ajudando a definir a personalidade, vão modelando a identidade, numa construção marcada pelo inacabamento, que é outro dos atributos que nos são intrínsecos. Analisámos, ainda, a dificuldade de nós, os adolescentes, nos “vermos” e nos “mostrarmos” ao “outro”. Discutimos questões como: “O autorretrato revela ou esconde”? Vimos que mesmo a “esconder”, com ou sem intenção, nós nos podemos revelar e que mesmo a “mostrar”, com ou sem intenção, nós nos podemos esconder. Enfim, filosofámos. Em Português pesquisámos autores, nomeadamente poetas, cujo discurso fosse ao encontro do modo como cada um se vê ou vê o autorretrato. Em Inglês procurámos, também, citações alusivas ao tema e à singularidade de cada um. Estas aprendizagens foram enriquecedoras e, embora com momentos de grande desorientação e de profunda inquietação, foram também muito gratificantes.
O trabalho em equipa foi também um aspeto a realçar neste trabalho. A diretora de turma organizou grupos, tendo cada um ficado responsável por uma parte do que era necessário fazer (os cartazes, os convites, a decoração dos espaços, a apresentação do evento, a preparação do lanche, o registo fotográfico e até esta notícia). Essa dinâmica foi importante para desenvolvermos capacidades e competências, tais como: de cooperação, de responsabilidade, de autonomia, de respeito e de tolerância.
A inauguração teve a presença de cerca de 150 participantes, entre alunos, professores e outros convidados, pais e/ou encarregados e educação e outros familiares, elementos da direção da escola e outros. Todos os presentes, para além da visualização dos desenhos e dos textos, puderam assistir a bonitos momentos de declamação de poesia e de apresentações musicais, todos eles no âmbito da temática escolhida.
No final, ao som do violino da aluna Maria Martins, todos os convivas foram conduzidos para uma outra sala, preparada para lhes proporcionar um requintado lanche, organizado pelos alunos da turma e pela professora de Filosofia e diretora de turma, Jacinta Afonso.
Ficámos todos muito orgulhosos do trabalho realizado. Todos os participantes se mostraram muito agradados com a iniciativa. Os nossos professores e os nossos pais não se cansavam de nos dar os parabéns. Queremos estendê-los aos nossos professores, à nossa escola.
Fica o registo de alguns testemunhos registados no livro que, para o efeito, a professora de Desenho, Leonor Barradas, preparou.
‘Parabéns! Foi uma viagem emotiva por tantos e tão diversos eu(s). Obrigada!’ (Carmo Carvalho)
‘Parabéns pelo trabalho realizado! Depositamos toda a nossa esperança nesta juventude maravilhosa. Eles saberão construir um mundo melhor!!’ (Maria de Jesus Lourenço)
‘Exposição de muito talento, muitos talentos, beleza, emoção. Trabalhos que nos tocam, que têm gente lá dentro. Muito obrigada, saio mais rica, mais grata. Também aos professores.’ (anónimo)
Obrigado a todos os que nos proporcionaram esta experiência.
Luís Oliveira – 10.º F